Neste Blogger, pretendo dar a conhecer alguns aspectos do folclore de Baixo-Minho centrando-me no concelho de Vila Verde-Braga. Fundamentando-me na revista comemorativa dos 25 anos do Grupo Folclórico de Vila Verde, onde estão os texto que aqui vou apresentar.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

O Linho


Imagem de: Manuel Jorge Reimão Torres Inácio

  • Da espadelada ao tear
   A espadelada era a operação mais típica, consistia em eliminar as arestas que ainda ficaram aderentes às fibras finas que produzem o linho, as grossas que dão as linhagens e às quais se chama tomentos. Este trabalho era sempre feiro por mulheres batendo com a espadela na borda do espadeladouro. Havia vários tipos de espadaladouros e espadelas, variando de freguesia para freguesia. A espadelada fazia-se na eira. Com a mão esquerda ia a espadeladora tirando manadas de estrigão que tinha desse mesmolado e que pousa na borda na borda do espadeladouro.
   A espadelada era um dos mais alegres e espectáculos sociais do concelho (Vila Verde) e do Minho. Como nas desfolhadas aqui apareciam os mascarados (homens vestidos de mulheres ou de almas do outro mundo), fronhad de renda na cabeça a fazer de caraça ou máscaras e tantas outras coisas, que a ingenuidade artística inventa e descobre. As tocatas de ferrinhas, reque-reques, cavaquinhos, flauta, etc. A refeição era servida de "rodada", num açafate constando geralmente de sardinhas fritas, pão e vinho.
   A estriga é passada duas vezes; a primeira "corrida" chama-se debouça a segunda de colher ou de "alimpa".
   A assedagem era o novo trabalho da vida do linho. Consistia em serem passadas as fibras, porque da espadelada ainda não sairam perfeitamente limpos da estopa, lisas, direitas e sem arestas - no sedeiro que são uns rudimentares pentes variados uns com dentes mais afastados, outros com uns dentes mais próximos, que servem para as estrigas serem cuidadosamente penteadas. Depois, surgia a fiação utilizando-se a roca e o fuso. Nos tempos mais antigos juntava-se a família à lareira, nas longas noites de inverno fiavam, enquanto conversavam, contavam histórias e rezavam. Também de dia, nos trabalhos do campo, quando guardavam o gado as raparigas  velhas fiavam pelos caminhos, pelas bouças, pelos outeiros. As rocas eos fusos variavam muito - embora ligeiramente e sobe o ponto de vista etnográfico e o folclórico interessem as variantes. Para se fazer as meadas utilizava-se um instrumento caseiro bem conhecido - o sarilho. Há-os também variados. Consiste num eixo  sobre que se aimplantam quatro braços em cruz, terminados por uma pequeninas forquilhas. Na extremidade do eixo há um torno que imprime rotação ao sarilho. A maçaroca é colocada num fuso que fica por baixo do sarilho.
   Com sucessivas barrelas e coras sobre a erva, ligeiramente humedecida era o linho corado e branqueado, perdendo a caracterástica cor amarelada. A barrela era feita com água e cinza. Alguns faziam a barrelaa de boa cinza peneirada e ás vezes juntava-lhe "bostas" (excremento de gado) o que não causa admiração, pois era com essa argamassa que em muitas freguesias se vedava a cosedura do pão de milho, a porta do forno.
   A dobadoura era um instrumente semelhante ao sarilho. mas dando a operação inversa, pois agora as meadas vão formar os novelos que são depois levados à urdideira. O trabalho da urdideira era um trabalho da alta complicação em que os fios eram distribuídos em oitos, por bocadinhos de canas espetadas numa parede e formando tornos onde se enlaçavam os fios. Da urdideira passavam para o tear. O tear caseiro minhoto é ainda o mais primitivo possível todo o trabalho manual. É rara a casa antiga que não possuía ainda um tear. Ainda há poucos anos (referindo-se aos anos anteriores a 1983) que tecedeiras iam pelas casas tecendo o bragal do linho caseiro, especialmente panos para lençóis e toalhas. De salientar, que nada havia que igualasse a toalha de rosto, o tecido de linho caseiro minhoto. Geralmente o tear caseiro tecia na largura máxima de 65 a 70 cm, podendo é evidente, construir-se para mais largura. Saído do tear, o linho em peça era novamente corado, depois de uma barrela, também com água a ferver, cinza peneirada e excremento de gado.

"ARRANCADA DO LINHO" - S. PEDRO RATES - POVOA VARZIM

Filme que vale a pena ver, onde está representado todo o trabalho do linho inclusive os cantares.
Está tudo o que eu escrevi mas em vídeo.




Espadelada à moda de Aboim da Nóbrega - Parte I e II








Programa Terra sobre o Linho Porto Canal






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