Neste Blogger, pretendo dar a conhecer alguns aspectos do folclore de Baixo-Minho centrando-me no concelho de Vila Verde-Braga. Fundamentando-me na revista comemorativa dos 25 anos do Grupo Folclórico de Vila Verde, onde estão os texto que aqui vou apresentar.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Cantares

As de carácter religioso: como por exemplo o cantar às almas, já em desuso, a uma voz; o clamor, contar  de Aleluia, oriundo de Vila Verde, de grandes tradições, ainda agora entoado no período da Páscoa, mormente no recolher da crus, depois da visita Pascal, também a uma voz (isto referindo-se à 31 anos atrás); o cantar usado pelos romeirinhos à Senhora do Alívio ou ao Santo António, igualmente ainda e tendo como intervenientes aquelas que sempre tiveram «crianças de ambos os sexos»;

As de carácter profano-religioso: como por exemplo as dos Reis, ainda muito tradicionais nos tempos de hoje, cantados por grupos normalmente constituídos por Solista e por coro, a uma ou duas vozes, uns fazendo-o com quadras alusivas para receberem importâncias em dinheiro, de que damos um exemplo: viva lá minha senhora / casaquinho de veludo / meta a mão ao seu no bolsinho / deite p'ra cá um escudo/; e outros que cantam sem essa intenção esperando em troca disso a porta aberta de par em par, de que damos igualmente um exemplo: somo traquinas de Vila Verde / com alegria vimos cantar / os nosso cânticos com harmonia / as boas festa lhes vimos dar/;
   Estes grupos, mais os segundos do que os primeiros, ainda agora acompanham os seu cânticos, naturalmente dedicados ao nascimento do Menino, polo central da tradição, com os mesmos instrumentos musicais utilizados outrora, uns com todos outros com alguns - concertina, cavaquinho, viola braguesa, violão, ferrinhos, reque-reque, bombo e em alguns casos também pela flauta e pelo banjolim;



As de romaria: Como por exemplo as usadas no caminho percorrido a pé para o S. Bento da Porta Aberta, das quais destacamos por ser a mais popular, aquela que curiosamente tem música de verde gaio com quadras alusivas ao santo «Ó S. Bentinho / Quero ir, quero ir / Ó S. Bentinho / Quero ir e vir /» e outrora para a Senhora do Alívio, umas em ritmo de malhão «Ó Senhora do Alívo / Senhora tão pequenina / Comadre da minha mãe / Senhora minha madrinha /» outras mais dolentes, com vozes oitavas e em guincho. Nestas, os grupos, transportando farnéis nas condessas, nos balaios ou nas cestas, com homens munidos de lodo, junco ou marmeleiro, faziam-se acompanhar por instrumentos musicais «concertinas, violas, cavaquinhos, etc.»;

As de trabalho: como por exemplo as que são cantadas nas vessadas ou lavradas, com especial destaque para a toadilha de aboiar, nas vindimadas, nas desfolhadas, nas pisadas e outros trabalhos agrícolas e ainda no caminho para estes, umas generalizadas: «Agora é pinta o bago», «Oliveira da Serra», «Chora Olivia Chora», «Ó Mariquinhas», «Ó Laurindinha», «Ó Rosa arredonda a saia», «Lá em cima está o tiro-liro-liro», «Rosinha do meio», «São João da Ponte», etc., e outras originais de Vila Verde: «Fora do Bouça», «Ó Ribeira que és tamanha», «Chiquita da Loureira», a bela melodia «Se fores vai ao validinho», talvez de todas a mais original, e tantas outras , como por exemplo as cantadas nos trabalhos do linho e ainda aquelas sem terem nome que as identifique, algumas recolhidas e outras a merecerem recolha urgente para não se perderem no tempo.

NOTA
O Grupo Folclórico de Vila Verde, dita:
"Bem gostaríamos que estes e outros mais cantares de Vila Verde estivessem ilustrados em pautas musicais. Nessa impossibilidade, lembramos que parte deles estão gravados em disco por alguns grupos do concelho, folclóricos e de música popular, designadamente: Grupo Folclórico de Vila Verde, Rancho Típico Infantil de Vila Verde, Grupo Folclórico das Lavradeiras de Parada de Gatim, Estúrdia de Godinhaços e ainda pelo Grupo »RAÍZES». Além destes, temos ainda gravações de cantares populares onde o malhão predomina."